Não espero nem solicito o crédito do leitor para a tão extraordinária e no entanto tão familiar história que vou contar. Louco seria esperá-lo, num caso cuja evidência até os meus próprios sentidos se recusam a aceitar. No entanto não estou louco, e com toda a certeza que não estou a sonhar. Mas porque posso morrer amanhã, quero aliviar hoje o meu espírito. O meu fim imediato é mostrar ao mundo, simples, sucintamente e sem comentários, uma série de meros acontecimentos domésticos. 

Nas suas consequências, estes acontecimentos aterrorizaram-me, torturaram-me, destruíram-me. No entanto, não procurarei esclarecê-los. O sentimento que em mim despertaram foi quase exclusivamente o de terror; a muitos outros parecerão menos terríveis do que extravagantes. Mais tarde, será possível que se encontre uma inteligência qualquer que reduza a minha fantasia a uma banalidade. Qualquer inteligência mais serena, mais lógica e muito menos excitável do que a minha encontrará tão somente nas circunstâncias que relato com terror uma sequência bastante normal de causas e efeitos. 

Já na minha infância era notado pela docilidade e humanidade do meu carácter. Tão nobre era a ternura do meu coração, que eu acabava por tornar-me num joguete dos meus companheiros. Tinha uma especial afeição pelos animais e os meus pais permitiam-me possuir uma grande variedade deles. Com eles passava a maior parte do meu tempo e nunca me sentia tão feliz como quando lhes dava de comer e os acariciava. Esta faceta do meu carácter acentuou-se com os anos, e, quando homem, aí achava uma das minhas principais fontes de prazer. Quanto àqueles que já tiveram uma afeição por um cão fiel e sagaz, escusado será preocupar-me com explicar-lhes a natureza ou a intensidade da compensação que daí se pode tirar. No amor desinteressado de um animal, no sacrifício de si mesmo, alguma coisa há que vai direito ao coração de quem tão frequentemente pôde comprovar a amizade mesquinha e a frágil fidelidade do homem. 

Casei jovem e tive a felicidade de achar na minha mulher uma disposição de espírito que não era contrária à minha. Vendo o meu gosto por animais domésticos, nunca perdia a oportunidade de me proporcionar alguns exemplares das espécies mais agradáveis. Tínhamos pássaros, peixes dourados, um lindo cão, coelhos, um macaquinho, e um gato. 

Este último era um animal notavelmente forte e belo, completamente preto e excepcionalmente esperto. Quando falávamos da sua inteligência, a minha mulher, que não era de todo impermeável à superstição, fazia frequentes alusões à crença popular que considera todos os gatos pretos como feiticeiras disfarçadas. Não quero dizer que falasse deste assunto sempre a sério, e se me refiro agora a isto não é por qualquer motivo especial, mas apenas porque me veio à ideia. Plutão, assim se chamava o gato, era o meu amigo predilecto e companheiro de brincadeiras. Só eu lhe dava de comer e seguia-me por toda a parte, dentro de casa. Era até com dificuldade que conseguia impedir que me seguisse na rua. 

A nossa amizade durou assim vários anos, durante os quais o meu temperamento e o meu carácter sofreram uma alteração radical - envergonho-me de o confessar - para pior, devido ao demónio da intemperança. De dia para dia me tornava mais taciturno, mais irritável, mais indiferente aos sentimentos dos outros. Permitia-me usar de uma linguagem brutal com minha mulher. Com o tempo, cheguei até a usar de violência. Evidentemente que os meus pobres animaizinhos sentiram a transformação do meu carácter. Não só os desprezava como os tratava mal. Por Plutão, porém, ainda nutria uma certa consideração que me não deixava maltratá-lo. Quanto aos outros, não tinha escrúpulos em maltratar os coelhos, o macaco e até o cão, quando por acaso ou por afeição se atravessavam no meu caminho. 

Mas a doença tomava conta de mim - pois que doença se assemelha à do álcool? - e, por fim, até o próprio Plutão, que estava a ficar velho e, por consequência, um tanto impertinente, até o próprio Plutão começou a sentir os efeitos do meu carácter perverso. 

Certa noite, ao regressar a casa, completamente embriagado, de volta de um dos tugúrios da cidade, pareceu-me que o gato evitava a minha presença. Apanhei-o, e ele, horrorizado com a violência do meu gesto, feriu-me ligeiramente na mão com os dentes. Uma fúria dos demónios imediatamente se apossou de mim. Não me reconhecia. Dir-se-ia que a minha alma original se evolara do meu corpo num instante e uma ruindade mais do que demoníaca, saturada de genebra, fazia estremecer cada uma das fibras do meu corpo. Tirei do bolso do colete um canivete, abri-o, agarrei o pobre animal pelo pescoço e, deliberadamente, arranquei-lhe um olho da órbita! Queima-me a vergonha e todo eu estremeço ao escrever esta abominável atrocidade. 

Quando, com a manhã, me voltou a razão, quando se dissiparam os vapores da minha noite de estúrdia, experimentei um sentimento misto de horror e de remorso pelo crime que tinha cometido. Mas era um sentimento frágil e equívoco e o meu espírito continuava insensível. Voltei a mergulhar nos excessos, e depressa afoguei no álcool toda a recordação do acto. 

Entretanto, o gato curou-se lentamente. A órbita agora vazia apresentava, na verdade, um aspecto horroroso, mas o animal não aparentava qualquer sofrimento. Vagueava pela casa como de costume, mas, como seria de esperar, fugia aterrorizado quando eu me aproximava. Porém, restava-me ainda o suficiente do meu velho coração para me sentir agravado por esta evidente antipatia da parte de um animal que outrora tanto gostara de mim. Em breve este sentimento deu lugar à irritação. E para minha queda final e irrevogável, o espírito da PERVERSIDADE fez de seguida a sua aparição. Deste espírito não cura a filosofia. No entanto, não estou mais certo da existência da minha alma do que do facto que a perversidade é um dos impulsos primitivos do coração humano; uma dessas indivisas faculdades primárias, ou sentimentos, que deu uma direcção ao carácter do homem. Quem se não surpreendeu já uma centena de vezes cometendo uma acção néscia ou vil, pela única razão de saber que a não devia cometer? Não temos nós uma inclinação perpétua, pese ao melhor do nosso juízo, para violar aquilo que constitui a Lei, só porque sabemos que o é? E digo que este espírito de perversidade surgiu para minha perda final. Foi este anseio insondável da alma por se atormentar, por oferecer violência à sua própria natureza, por fazer o mal só pelo mal, que me forçou a continuar e, finalmente, a consumar a maldade que infligi ao inofensivo animal. Certa manhã, a sangue-frio, passei-lhe um nó corredio ao pescoço e enforquei-o no ramo de uma árvore; enforquei-o com as lágrimas a saltarem-me dos olhos e com o mais amargo remorso no coração; enforquei-o porque sabia que me tinha tido afeição e porque sabia que não me tinha dado razão para a torpeza; enforquei-o porque sabia que ao fazê-lo estava cometendo um pecado, um pecado mortal que comprometia a minha alma imortal a ponto de a colocar, se tal fosse possível, mesmo para além do alcance da infinita misericórdia do Deus Mais Piedoso e Mais Severo. 

Na noite do próprio dia em que este acto cruel foi perpetrado, fui acordado do sono aos gritos de «Fogo!». As cortinas da minha cama estavam em chamas; toda a casa era um braseiro. Foi com grande dificuldade que minha mulher, uma criada e eu conseguimos escapar do incêndio. A destruição foi completa. Todos os meus bens materiais foram destruídos, e daí em diante mergulhei no desespero. 

Sou superior à fraqueza de procurar estabelecer uma seqüência de causa a efeito entre a atrocidade e o desastre. Limito-me, porém, a narrar uma cadeia de acontecimentos e não quero deixar nem um elo sequer incompleto. Nos dias que se sucederam ao incêndio, visitei as ruínas. As paredes, à exceção de uma, tinham abatido por completo. Esta exceção era constituída por um tabique interior, não muito espesso, que estava sensivelmente a meio da casa, e de encontro ao qual antes ficava a cabeceira da minha cama. O reboco resistira em grande parte à ação do fogo, fato que atribuo a ter sido pouco antes restaurado. 

Próximo desta parede juntara-se uma densa multidão e muitas pessoas pareciam estar a examinar certa zona em particular, com minúcia e grande atenção. A minha curiosidade foi despertada pelas palavras «estranho», «singular» e outras expressões semelhantes. Aproximei-me e vi, como se fora gravado em baixo revelo, sobre a superfície branca, a figura de um gato gigantesco. A imagem estava desenhada com uma precisão realmente espantosa. Em volta do pescoço do animal estava uma corda.

Mal vi a aparição, pois nem podia pensar que doutra coisa se tratasse, o meu assombro e o meu terror foram imensos. Por fim, a reflexão veio em meu auxílio. Lembrei-me que o gato fora enforcado num jardim junto à casa. Após o alarme de incêndio, O dito jardim fora imediatamente invadido pela multidão e por alguém que deve ter cortado a corda do gato e o deve ter lançado para dentro do meu quarto, por uma janela aberta. Isto deve ter sido feito, provavelmente, com a intenção de me acordar. A queda das outras paredes tinha comprimido a vítima da minha crueldade na substância do reboco recentemente aplicado e cuja cal, combinada com as chamas e o amoníaco do cadáver, tinha produzido a imagem tal como eu a via. 

Tendo assim satisfeito prontamente a minha razão - que não totalmente a minha consciência - sobre o facto extraordinário atrás descrito, não deixou este, no entanto, de causar profunda impressão na minha imaginação. Durante meses não consegui libertar-me do fantasma do gato, e, durante este período, voltou-me ao espírito uma espécie de sentimento que parecia remorso, mas que o não era. Cheguei ao ponto de lamentar a perda do animal e a procurar à minha volta, nos sórdidos tugúrios que agora frequentava com assiduidade, um outro animal da mesma espécie e bastante parecido que preenchesse o seu lugar. 

Uma noite, estava eu sentado meio aturdido num antro mais do que infamante, a minha atenção foi despertada por um objecto preto que repousava no topo de um dos enormes toneis de gin ou de rum que constituíam o principal mobiliário do compartimento. Havia minutos que olhava para a parte superior do tonel, e o que agora me causava surpresa era o facto de não me ter apercebido mais cedo do objecto que estava em cima. Aproximei-me e toquei-lhe com a mão. Era um gato preto, um gato enorme, tão grande como Plutão e semelhante a ele em todos os aspectos menos num. Plutão não tinha sequer um único pêlo branco no corpo, enquanto este gato tinha uma mancha branca, grande mas indefinida, que lhe cobria toda a região do peito. 

Quando lhe toquei, imediatamente se levantou e ronronou com força, roçou-se pela minha mão, e parecia contente por o ter notado. Era este, pois, o animal que eu procurava. Imediatamente propus a compra ao dono, mas este nada tinha a reclamar pelo animal, nada sabia a seu respeito, nunca o tinha visto até então. 

Continuei a acariciá-lo, e quando me preparava para ir para casa, o animal mostrou-se disposto a acompanhar-me. Permiti que o fizesse, inclinando-me de vez em quando para o acariciar enquanto caminhava. Quando chegou a casa, adaptou-se logo e logo se tornou muito amigo da minha mulher. 

Pela minha parte, não tardou em surgir em mim uma antipatia por ele. Era exactamente o reverso do que eu esperava, mas, não sei como nem porquê, a sua evidente ternura por mim desgostava-me e aborrecia-me. Lentamente, a pouco e pouco, esses sentimentos de desgosto e de aborrecimento transformaram-se na amargura do ódio. Evitava o animal; um certo sentimento de vergonha e a lembrança do meu anterior acto de crueldade impediram-me de o maltratar fisicamente. Abstive-me, durante semanas, de o maltratar ou exercer sobre ele qualquer violência, mas, gradualmente, muito gradualmente, cheguei a nutrir por ele um horror indizível e a fugir silenciosamente da sua odiosa presença como do bafo da peste. 

O que aumentou, sem dúvida, o meu ódio pelo animal foi descobrir, na manhã do dia seguinte a tê-lo trazido para casa, que, tal como Plutão, tinha também sido privado de um dos seus olhos. Esta circunstância, contudo, mais afeição despertou na minha mulher, que, como já disse, possuía em alto grau aquele sentimento de humanidade que fora em tempos característica minha e a fonte de muitos dos meus prazeres mais simples e mais puros. 

Com a minha aversão pelo gato parecia crescer nele a sua preferência por mim. Seguia os meus passos com uma pertinácia que seria difícil fazer compreender ao leitor. Sempre que me sentava, enroscava-se debaixo da minha cadeira ou saltava-me para os joelhos, cobrindo-me com as suas repugnantes carícias. Se me levantava para caminhar, metia-se-me entre os pés e quase me fazia cair ou, fincando as suas garras compridas e aguçadas no meu roupão, trepava-me até ao peito. Em tais momentos, embora a minha vontade fosse matá-lo com uma pancada, era impedido de o fazer, em parte pela lembrança do meu crime anterior mas, principalmente, devo desde já confessá-lo, por um verdadeiro medo do animal. 

Este medo não era exactamente o receio de um mal físico; no entanto, é me difícil defini-lo de outro modo. Quase me envergonhava admitir - sim, mesmo aqui, nesta cela de malfeitor, eu me envergonho de admitir - que o terror e o horror que o animal me infundia se viam acrescidos de uma das fantasias mais perfeitas que é possível conceber. Minha mulher tinha-me chamado várias vezes a atenção para o aspecto da mancha de pêlo branco de que já falei, e que era a única diferença aparente entre o estranho animal e aquele que eu tinha eliminado. O leitor lembrar-se-á que esta marca, embora grande, era, originariamente, bastante indefinida, mas, gradualmente, por fases quase imperceptíveis e que durante muito tempo a minha razão lutou por rejeitar como fantasiosas, assumira, finalmente, uma rigorosa nitidez de contornos. Era agora a imagem de um objecto que me repugna mencionar, e por isso eu o odiava e temia acima de tudo, e ter-me-ia visto livre do monstro se o ousasse. Era agora a imagem de uma coisa abominável e sinistra: a imagem da forca!, oh!, lúgubre e terrível máquina de horror e de crime, de agonia e de morte. 

Por essa altura, eu era, na verdade, um miserável maior do que toda a miséria humana. E um bruto animal cujo semelhante eu destruíra com desprezo, um bruto animal a comandar-me, a mim, um homem, feito à imagem do Altíssimo - oh!, desventura insuportável. Ah, nem de dia nem de noite, nunca, oh!, nunca mais, conheci a bênção do repouso! Durante o dia o animal não me deixava um só momento. De noite, a cada hora, quando despertava dos meus sonhos cheios de indefinível angústia, era para sentir o bafo quente daquela coisa sobre o meu rosto e o seu peso enorme, encarnação de um pesadelo que eu não tinha forças para afastar, pesando-me eternamente sobre o coração. Sob a pressão de tormentos como estes, os fracos resquícios do bem que havia em mim desapareceram. Só os pensamentos pecaminosos me eram familiares - os mais sombrios e os mais infames dos pensamentos. A tristeza do meu temperamento aumentou até se tornar em ódio a tudo e à humanidade inteira. Entretanto, a minha dedicada mulher era a vítima mais usual e paciente das súbitas, frequentes e incontroláveis explosões de fúria a que então me abandonava cegamente. 

Um dia acompanhou-me, por qualquer afazer doméstico, à cave do velho edifício onde a nossa pobreza nos forçava a habitar. O gato seguiu-me nas escadas íngremes e quase me derrubou, o que me exasperou até à loucura. Apoderei-me de um machado, e desvanecendo-se na minha fúria o receio infantil que até então tinha detido a minha mão, desferi um golpe sobre o animal, que seria fatal se o tivesse atingido como eu queria. Mas o golpe foi sustido diabólicamente pela mão da minha mulher. Enraivecido pela sua intromissão, libertei o braço da sua mão e enterrei-lhe o machado no crânio. Caiu morta, ali mesmo, sem um queixume. 

Consumado este horrível crime, entreguei-me de seguida, com toda a determinação, à tarefa de esconder o corpo. Sabia que não o podia retirar de casa, quer de dia quer de noite, sem correr o risco de ser visto pelos vizinhos. Muitos projectos se atropelaram no meu cérebro. Em dado momento, cheguei a pensar em cortar o corpo em pequenos pedaços e destruí-los um a um pelo fogo. Noutro, decidi abrir uma cova no chão da cave. Depois pensei deitá-lo ao poço do jardim, ou metê-lo numa caixa como qualquer vulgar mercadoria e arranjar um carregador para o tirar de casa. Por fim, detive-me sobre o que considerei a melhor solução de todas. Decidi emparedá-lo na cave como, segundo as narrativas, faziam os monges da Idade Média às suas vítimas. 

A cave parecia convir perfeitamente aos meus intentos. As paredes não tinham sido feitas com os acabamentos do costume e, recentemente, tinham sido todas rebocadas com uma argamassa grossa que a humidade ambiente não deixara endurecer. Além do mais, numa das paredes havia uma saliência causada por uma chaminé falsa ou por uma lareira que tinha sido entaipada para se assemelhar ao resto da cave. Não duvidei que me seria fácil retirar os tijolos neste ponto, meter lá dentro o cadáver e tornar a pôr a taipa como antes, de modo que ninguém pudesse lobrigar qualquer sinal suspeito. 

Não me enganei nos meus cálculos. Com o auxílio de um pé-de-cabra retirei facilmente os tijolos, e depois de colocar cuidadosamente o corpo de encontro à parede interior, mantive-o naquela posição ao mesmo tempo que, com um certo trabalho, devolvia a toda a estrutura o seu aspecto primitivo. 

Usando de toda a precaução, procurei argamassa, areia e fibras com que preparei um reboco que se não distinguia do antigo e, com o maior cuidado, cobri os tijolos. Quando terminei, vi com satisfação que tudo estava certo. A parede não denunciava o menor sinal de ter sido mexida. Com o maior escrúpulo, apanhei do chão os resíduos. Olhei em volta, triunfante, e disse para comigo: «Aqui, pelo menos, não foi infrutífero o meu trabalho.» 

A seguir procurei o animal que tinha sido a causa de tanta desgraça, pois que, finalmente, tinha resolvido matá-lo. Se o tivesse encontrado naquele momento, era fatal o seu destino. Mas parecia que o astuto animal se alarmara com a violência da minha cólera anterior e evitou aparecer-me na frente, dado o meu estado de espírito. É impossível descrever ou imaginar a intensa e aprazível sensação de alívio que a ausência do detestável animal me trouxe. Não me apareceu durante toda a noite, e deste modo, pelo menos por uma noite, desde que o trouxera para casa, dormi bem e tranquilamente; sim, dormi, mesmo com o crime a pesar-me na consciência. 

Passaram-se o segundo e terceiro dias e o meu verdugo não aparecia. Mais uma vez respirei como um homem livre. O monstro, aterrorizado, tinha abandonado a casa para sempre! Nunca mais voltaria a vê-lo! 

Suprema felicidade a minha! A culpa da acção tenebrosa inquietava-me pouco. Fizeram-se alguns interrogatórios que colheram respostas satisfatórias. Fez-se inclusivamente uma busca, mas, naturalmente, nada se descobriu. Dava como certa a minha felicidade futura. 

No quarto dia após o crime, surgiu inesperadamente em minha casa um grupo de agentes da Polícia que procederam a uma rigorosa busca. Eu, porém, confiado na impenetrabilidade do esconderijo, não sentia qualquer embaraço. Os agentes quiseram que os acompanhasse na sua busca. Não deixaram o mínimo escaninho por investigar. Por fim, pela terceira ou quarta vez, desceram à cave. Nem um músculo me tremeu. O meu coração batia calmamente como o coração de quem vive na inocência. Percorri a cave de ponta a ponta. De braços cruzados no peito, andava descontraído de um lado para o outro. Os agentes estavam completamente satisfeitos e prontos para partir. O júbilo do meu coração era demasiado intenso para que o pudesse suster. Ansiava por dizer pelo menos uma palavra à guisa de triunfo e para tornar duplamente evidente a sua convicção da minha inocência. 

- Senhores - disse por fim, quando iam a subir os degraus. - Estou satisfeito por ter dissipado as vossas suspeitas. Desejo muita saúde para todos, e um pouco mais de cortesia. A propósito, esta casa está muito bem construída (e no meu furioso desejo de dizer qualquer coisa com à-vontade, mal sabia o que estava a dizer). Direi, até, que é uma casa excelentemente construída. Estas paredes... vão-se já embora, meus senhores?... Estas paredes estão solidamente ligadas. - E neste momento, por uma frenética fanfarronice, bati com força, com uma bengala que tinha na mão, na parede atrás da qual se encontrava o cadáver da minha querida esposa. 

Ah!, que Deus me livre das garras do arquidemónio! Mal tinha o eco das minhas pancadas mergulhado no silêncio, quando uma voz lhes respondeu de dentro do túmulo: um gemido, a princípio abafado e entrecortado como o choro de urna criança, que depois se transformou num prolongado grito sonoro e contínuo, extremamente anormal e inumano. Um bramido, um uivo, misto de horror e de triunfo, tal como só do inferno poderia vir, provindo das gargantas conjuntas dos condenados na sua agonia e dos demónios no gozo da condenação. 

Seria insensato falar dos meus pensamentos. Senti-me desfalecer e encostei-me à parede da frente. Tolhidos pelo terror e pela surpresa, os agentes que subiam a escada detiveram-se por instantes. Logo a seguir, doze braços vigorosos atacavam a parede. Esta caiu de um só golpe. O cadáver, já bastante decomposto e coberto de pastas de sangue, apareceu erecto frente aos circunstantes. Sobre a cabeça, com as vermelhas fauces dilatadas e o olho solitário chispando, estava o odioso gato cuja astúcia me compelira ao crime e cuja voz delatora me entregava ao carrasco. Eu tinha emparedado o monstro no túmulo!
Edgar Allan Poe










Na noite de 30 de julho de 2008, um homem de 22 anos de idade canadense chamado Tim McLean foi morto e mutilado em circunstâncias verdadeiramente horríveis enquanto dormia a bordo de um ônibus Greyhound Canadá ao se aproximar do hotel Portage la Prairie, Manitoba. De acordo com os passageiros, chocados, McLean estava dormindo quando de repente, e sem qualquer aviso, o homem ao lado dele tirou uma grande faca de caça e começou a esfaquear brutalmente McLean no peito e pescoço - nada menos que 40 vezes.
Pandemônio clodiu-se naquele ônibus, as pessoas correram para escapar rapidamente. Mas algo muito, muito pior estava por vir. Vários dos passageiros aterrorizados seguraram a porta do veículo firmemente pelo lado de fora para evitar que o homem deixa-se o local do crime. Ao fazerem isso, eles ficaram chocados ao  ver o que tinha em  sua mão, o homen estava calmamente andando na direção deles no corredor do ônibus, com a cabeça de sua vítima na mão.
"Ele não aparentava estar com raiva. Era exatamente como os sentimentos de um robô ou algo assim ", disse Caton Garnet, um dos passageiros que estava a bordo do ônibus. Royal Canadian. A policia rapidamente chegou ao local e prendeu o assassino - que foi identificado como Vince Weiguang Li 40 anos de idade. 
Para a maioria das pessoas, o incidente foi visto como apenas um outro exemplo violento  de um  momento psicopático de raiva que parece muito comum no mundo de hoje, e particularmente assim quando a polícia revelou que Li tinha, aparentemente, devorado ​​algumas partes de sua vítima enquanto estava preso no ônibus. A investigação avançou, no entanto, moveu-se longe de ser simplesmente um crime infinitamente violento, e recebeu uma conotação decididamente sinistras e quase paranormal.
Ficou claro que um pouco mais de uma semana antes de matar McLean, Li foi a entrega de cópias do dom Edmonton jornal local. Curiosamente, o caso em questão continha um extenso artigo escrito por Andrew Hanon que perfilado o trabalho de um historiador chamado Nathan Carlson, e sua pesquisa sobre um animal monstruoso conhecido como o Wendigo .
Uma criatura que aparece com destaque na mitologia do povo Algonquin - o mais populoso e generalizada de todos os grupos norte-americanos nativos  - o Wendigo é uma criatura mal, canibal e violento em que os seres humanos têm a capacidade em possuir - particularmente se eles se envolveram em canibalismo - ou que se diz ter a capacidade de possuir almas e das mentes humanas para fazer o seu lance escuro. Notavelmente, em séculos passados, aqueles que eram suspeitos pela Algonquin de ser Wendigos mortos.Na esteira da morte terrível e trágica de Tim McLean, Nathan Carlson notou que havia uma série de semelhanças entre as ações de Li e os do Wendigo, e disse a dom Edmonton em 11 de agosto de 2008: "Há muitas semelhanças. Eu não posso dizer que não há conexão definitiva, mas não são apenas coincidências. É além de assustador. "
Mistérioso é sem dúvida a palavra certa para o que aconteceu naquela noite fatídica em julho de 2008. E, enquanto que para muitas pessoas este caso em particular foi percebida como sendo apenas mais um exemplo de como nossa sociedade está se tornando cada vez mais violenta, a opinião de alguns de que este caso está em territórios estranhos distantes. Para alguns, este incidente particularmente notório e selvagem era sugestivo da possibilidade que Li havia sido possuído por um Wendigo.
O  pontos de vista  sobre este caso extremamente curioso, que talvez sirva para demonstrar uma coisa mais do que qualquer outra: Mesmo no mundo de hoje em ritmo acelerado, com as nossas maravilhas tecnológicas, e as nossas vastas cidades, muita coisa se esconde na nossa mitologia, criptozoologia e outros conhecimentos rústicos do paranormal.
Via: Mysterious Universe.

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Esse post é mais uma da série de contos tipo, relato sobrenatural e é certo que não temos absolutamente certeza que este conto é real. Um cético recentemente me perguntou se eu sabia alguma coisa sobre paralisia do sono, e que ele uma vez tinha visto uma entidade, e era um apelo desesperado, pois não só ele havia visto mas também por outra pessoa no mesmo local, confirmando que a entidade era real, em vez de apenas uma alucinação.
Eu respondi afirmativamente, eu tenho de fato ouviu falar de tais casos - mas apenas um.
Em 22 de novembro de 2009, recebi um  e-mail  interessante de um homem chamado John, 50 anos, que reside em Newington, Connecticut. John tinha ouvido falar do meu livro Intrusões Trevas: Uma Investigação sobre a Natureza Paranormal de Experiências paralisia do sono , e estava ansioso para compartilhar comigo uma experiência fascinante SP própria. Eu poderia dizer pelo tom sóbrio, inteligente da sua carta que eu poderia confiar naquilo que John tinha a dizer.

Desde a sua infância até seus vinte e poucos anos, John ocasionalmente presenciou episódios SP assustadoras envolvendo um "Um ser sem luz" a pairar sobre seu corpo. Ele explica: "Porque minha cama estava sob uma janela, ela sempre me pareceu como uma figura flutuante - da janela." Então, aterrorizante e perturbador foram essas experiências que John não queria pensar ou falar sobre elas, vamos só mencioná-los para qualquer outra pessoa - que não o fez. "Para este dia", diz ele, "eu não gosto de colocar camas sobre janelas ... eu nunca sonharia de dormir debaixo de uma janela aberta."
No momento em que João era mais velho e tinha parado de passar por este SP, ele raramente pensava no ocorrido do "ser sem luz", assim determinou  que ele não sabia definitivamente o que havia acontecido. Além disso, ele insiste, ele não era um "fanático paranormal."
Anos depois, quando John estava nos seus trinta e poucos anos, sua mãe relatou uma experiência mais incomum. Isso ocorreu quando John tinha dois ou três anos de idade ea família estavam hospedados em fazenda de seu avô no "colinas arborizadas" da Carolina do Norte - onde íamos todo verão.
Sua mãe explicou que, uma noite, depois que ela ter-lo colocado na cama, ela passava de vez enquanto no seu quarto para verificar, se estava tudo bem com ele, foi quando avisto um ser, "entrando pela janela, um vulto negro que pairava sobre ..." seu corpo. Sua mãe assistiu em choque e terror, como a figura, ela percebeu que se tratava de  ser um "espírito" de algum tipo, " que flutuou para fora em direção a janela" e desapareceu.
João acrescenta: "Antes desse dia ... ela nunca tocou nesse assunto nunca me contou sobre isso - e eu nunca contei a ela sobre minhas memórias dessa coisa ... Assim, parece que duas pessoas diferentes observado isso sem qualquer colaboração. Eu não sei o que fazer com tudo isso, mas é a verdade. "

João terminou o seu e-mail, afirmando que é "um mundo estranho em que vivemos" - algo que eu não poderia concordar com mais. Ele também me deixou um saudável conselho que eu provavelmente nunca vou adotar: "Talvez o melhor é não olhar profundamente essas coisas."


Nota do autor: Bom galera durante o texto vimos que várias vezes foi citado "Paralisia do Sono (SP)" paralisia do sono não é algo assim "Paralisado durante o sono" como sugere, mas o nome que se da o fato do contato com entidades paranormais. Paralisia do sono é o choque que a pessoa leva ao se deparar com tal entidades. É um "bad translate" que se popularizou.
OBS:
 
Quando ele fala assim "uma  figura negra que pairava pelo ar" lembrei logo do dementadores do Harry Potter.

Via: Mysterious Universe.

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Você já teve a experiência que sugeria que mais alguém além de você estivesse em sua casa, e você apenas pensou "Não quero saber" e saiu? As vezes, o medo do desconhecido parece ser a opção preferível do que ter que enfrentar cara a cara com o medo concreto. Aliás, normalmente não é nada. Uma vez, quando a função de beep do meu telefone sem fio parou de funcionar, quando eu era o único em casa. O único que funcionava era o da sala. Outra vez, eu juro que alguém pegou uns trocados da minha escrivaninha. Eram provavelmente peças que minha memória estava pregando em mim.

Mas o que você deveria fazer quando algo realmente sugestivo acontece? Você correria, ou apenas ignoraria, como eu fiz? A última segunda-feira foi um dia bem normal. Eu levantei, escovei os dentes, mudei meu pijama para meu uniforme do colégio... Todas as pequenas partes do meu ritual matinal da semana. Parecia que  seria mais um dia para não preocupar, até que eu vi os cordões.

Eram três ou quatro cordões finos no meu quarto. Eles estavam atravessados pelas paredes do meu quarto, um junto a porta. Não tinha jeito de eu não ter notado-os antes; Eu devia ter me enrolado neles. Eles estavam amarrados em pinos nas paredes, os qual não existiam dez segundos atrás.
Ninguém poderia ter estado no meu quarto enquanto eu estava lá, muito menos armar tudo. Era cedo, e meu cérebro não estava processando corretamente. Eu apenas suspirei, desamarrei os cordões e fui para a escola, deixando-os enrolados em cima da minha escrivaninha.

Não melhorou muito. Havia centenas deles fora da minha casa, amarrados por fora das casas, em volta dos carros, pelas estradas... Isso devia ser uma pegadinha super bem elaborada. Algo
desses programas de câmeras escondidas, ou blogs de comédia de improviso.Eles tinham conseguido muita gente pra continuar a brincadeira também; Pedestres estavam enrolados a eles, caminhando em direção as objetos que eles estavam, como se tivessem tentando continuar os cursos que eles estavam direcionados.

Nervosamente, continuei minha jornada para o colégio. No ônibus todos estavam amarrados à porta. Na escola, grupos de amigos estavam amarrados entre si; professores estavam amarrados nas suas mesas e aos quadros negros. Estranhamente, nesse ponto única coisa que eu podia pensar era porque eu estava fora disso tudo.

Quando minha amiga Lucy sentou do meu lado no primeiro período, ela apenas jogou sua mochila no meu colo e descansou o rosto na mão, olhando para fora pela janela.
"Eí Lucy."
Sem resposta.
"Ah, qual é. Eu não esperava que você estivesse nessa também."
Ela suspirou e começou a pegar livros de dentro da sua mochila. Todos os livros estavam amarrados às suas mãos. Eu sorri e arranquei um desses cordões de um livro. Ela não pareceu notar, apenas ignorou o livro e o deixou cair no chão sem nenhum momento de hesitação.
"Hm." Eu me abaixei, peguei o livro e recoloquei-o de volta em sua mesa. Ela pareceu novamente não notar.
"Se assim, vamos jogar então." Eu sorri, tentando parecer brincalhão, mas apenas tentando esconder meu nervosismo. Eu segurei todos os fios que estavam ligados a ela com uma mão só e puxei-os desprendendo dela.

Ela piscou, e começou a me olhar.
 "Caramba, Martin. Você é tipo um ninja ou algo assim."

"Eu estou sentado aqui por tipo dez minutos." Eu sorri de novo, aliviado que minha amiga tinha finalmente me "notado".

"Da onde todos esses cordões vieram??" Ela quase gritou, parecendo nota-los pela primeira vez.
"Vocês só podem estar brincando com a minha cara."

Ela levantou e foi em direção ao canto da sala. Ninguém na sala pareceu notar.
"Eles não estavam aqui há minutos atrás! Você também os vê??” No seu tom de voz dava pra ver que ela estava realmente assustada. 

"Não. Você não-." Eu fui interrompido pera professora fechando a porta atrás dela. Todos em exceção de mim e Lucy murmuraram bom dia, e ainda, ninguém pareceu nos notar.
"Todo mundo está me ignorando o dia inteiro." Eu falei para ela antes de me virar para a professora. "Eí! Vadia estúpida! Você não sabe ensinar porra nenhuma!"
Sem reação.

"Eu vou pra longe de toda essa merda." Ela tirou uns cordões do caminho e saiu da sala. Eu a segui, e surpresa, ninguém pareceu notar. Nós percorremos os corredores, entrando e saindo de salas de aulas. Quando nos desprendíamos os cordões de algum aluno a um livro, era como se não importasse mais para eles. Eles não existiam.

Eu mostrei a ela a rua lá fora; havia mais cordões do que quando eu tinha saído de casa de manhã. O dobro. Nós cuidadosamente fizemos nosso percurso, indo em direção à uma cafeteria ali perto. Nada particularmente grande, eu sei. Mas o que você faria numa situação como essa? Como eu disse, o medo do desconhecido as vezes parece ser a opção mais segura. Em algumas ocasiões, eu sugeri que nos uníssemos a mais algumas pessoas. Lucy se opôs a isso, lembrando o quão assustada ela tinha ficado.

Na cafeteria, nós pegamos alguns sanduiches e bebidas da geladeira. Achamos uma mesa, desamarramos todas os fios das cadeiras e da mesa, e sentamos. Nós dois comemos em silêncio, ambos muito assustados, ambos distraídos observando os estranhos na loja, e obviamente, os cordões. Depois de 20 minutos, Lucy falou. "Agora ela pegará aquele sanduiche" Ela falou aprontando para uma mulher na loja. Certamente, a mulher anda até a geladeira, pega o sanduiche enrolado em plástico em que ela estava amarrada. "Ela paga e vai embora." Ela o fez, de acordo com a sequencia de cordões. "Aquele cara não tem intenção de pagar." Eu assisti quando o homem pegou seu café e saiu correndo da loja, e dois empregados olharam pra eles sem reação, pra depois correr atrás dele.

"Isso é horrível." Ela falou baixinho. "Vamos embora, por favor."

Na rua não estava muito melhor. Todo mundo seguia seus cordões de instruções, indo para suas obrigações diárias. Lucy falou que ela estava indo para casa para dormir, e eu concordei em leva-la até em casa. Ela morava a dez minutos dali.

Longe da confusão do centro tinham poucos cordões, era melhor; nós podíamos fingir que nada disso estava acontecendo.Quando viramos na rua de Lucy, ela parou, a boca dela se abriu. "O que agora?” Eu quebrei o silencio, minha voz parecendo muito pequena. "Olhe." Ela apontou para fora da casa de um de seus vizinhos.

Eu vi muito claramente, e eu vou manter essa memória até o dia que eu morrer. Um espécie de pequeno demônio preto, mais ou menos 90cm de altura, andando com suas juntas no chão, quase como um macaco. Tinha dois olhos grandes e amarelos que cobriam quase metade de
sua face, e não tinha boca ou qualquer outra parte do rosto. Estava segurando um martelo e um rolo de barbante, que ia deixar para trás de si.

Ele andou rapidamente e quieto da porta da frente até a caixa de correio. Parou, e martelou dentro da caixa, amarrando um cordão dentro. Ele virou seu rosto para nós, e parou quando nós paramos.

Meu queixo caiu mais do que já havia, mas ele só nos olhou com um ar de surpresa e curiosidade. Você poderia praticamente dizer que ele era o mais assustado. De repente, nos acenou com sua pequenina mão. Olhou para Lucy, ela não se mexeu. Olhei de volta para o demônio, que me fitou.

Eu diminui a distância entre nós dois, e então mais um pouco, até me aproximar bastante. Não era mais medo do desconhecido; era medo desse carinha pequeno. E não parecia algo para se assustar. Quando eu me encontrava a mais ou menos um metro de distância dele, estendeu sua mão. "Uh, oi". Eu tentei. Ele acenou a cabeça em concordância, piscando seus imensos olhos amarelos para mim.

"Então vocês são os encarregados dos cordões?" Ele sacudiu a cabeça em resposta. Chamei Lucy, mas ela ficou onde estava. "Há mais de vocês?". Outro aceno positivo. Eu queria perguntar  tantas coisas, sobre o que ele era e de onde ele veio, mas parecia que agora eu estava preso a perguntas de "sim" ou "não".

"Nós ao menos temos vontade própria?" E apenas olhou quase triste para mim. Eu imediatamente tive náuseas, aquelas de remorso sem sentido, e quase não pude mais olhar para o monstrinho. Agarrei Lucy, que estava escutando nossa conversa, e agora estava sentada no meio-fio com a cabeça entre as mãos.

"Vem".

Entramos na casa, e eu fiz chá para ela. Quando a achei na sala, ela tinha soltado seu cachorro e estava abraçada com ele, chorando. Coloquei o chá de lado e sentei perto dela."Estou tão assustada". Ela sussurrou após uns minutos de soluço. Não respondi. Eu não conseguia. "Eu vou dormir." Ela soltou de súbito. E se deitou em menos de um minuto. Dormir parecia uma ótima opção diante de tudo que estava acontecendo, meus olhos começaram a se fechar sozinhos, como quando acordamos e queremos dormir mais.

Não aguentei e cai ao chão, e a última coisa que ouvi antes de dormir foi o andar de vários pequenos pés por perto.

Me senti tão melhor no dia seguinte. Como se todo o ocorrido houvesse sido um sonho. Provavelmente acreditaria nisso se não tivesse sido acordado pela mãe de Lucy essa manhã, perguntando o que eu estava fazendo, dormindo lá sem pedir permissão ou algo assim.
Durante o café da manhã, Lucy me perguntou porque eu parecia tão pálido e nervoso. Eu virei para ela e sorri, murmurando algo sobre me sentir um pouco doente.

Mas na verdade eu estava somente assustado, porque não conseguia ver nenhum cordão, e me perguntava se minhas ações eram verdadeiramente minhas.



Para aqueles de nós que se envolver em pesquisas, estudos, investigações de escrever no campo do que em geral passa por Ufologia, Criptozoologia, 
caça fantasmas e muito mais - é uma busca que pode ser tão mentalmente estimulante, pois como pode ser esclarecedora e um desafio instigante. Mas, há uma desvantagem inegável obscura e perturbadora em tudo isso, também. Ou seja, que em raras ocasiões os fenômenos parecem ter suas garras geladas para o pesquisador, até o ponto onde os interesses relevantes paranormais da pessoa em questão mutação em um novo pensamento uma obsessões doentia. Acho que estou errado? Somos assombrados.
Em termos de UFOs, somente tem que olhar para o estranho, e um tanto caso trágico de Albert Bender. Provavelmente o único homem que, mais do que qualquer outro, inaugurou a era dos Homens de Preto(MIB), Bender, no início dos anos 1950, afirmou uma visita sinistra de três entidades vestidos de preto que essencialmente assustou , e levou a sair de pesquisa UFO, para nunca mais voltar. Pelo menos, isto é, além de um breve ressurgimento no início dos anos 1960, quando Bender escreveu seu livro MIB-temático próprio, Discos Voadores e os três homens .
história  de Bender é estranha e perturbadora que eu digo no próprio livro os verdadeiros homens de PretoMas, o que sobressai é Bender como seu envolvimento na Ufologia começou a afetar seu estado psicológico. Escritos Bender deixa claro que, quanto mais ele investigou o fenômeno UFO, mais e mais paranóico ele se tornou. Ele suspeita entidades sobrenaturais foram secretamente vê-lo, que os seus preciosos arquivos ufológicos tinha sido clandestinamente verificados por entidades enigmáticas, e que ele estava se colocando em grande perigo, seguindo o caminho de um investigador OVNI. Não admira então, ele finalmente saiu de cena para sempre, atacada pela ansiedade, chefe de divisão, enxaquecas, paranóia, a hipocondria eo temor de que "eles" eram na sua trilha.
Bem, talvez "eles" foram de fato assistindo Bender. Mas, o simples facto de essa possibilidade teve um efeito tão devastador sobre o homem é um sinal claro do que pode acontecer a quem se atreve a entrar no reino um tanto quanto perigoso de Ufologia. Muito poucos pensou muito para dar quão profundamente cativante-se em tal reino estranho pode assim afectar negativamente a eles. Até que isso é tudo muito, muito atrasado, é claro, e os danos psicológicos está bem e verdadeiramente feito.
É a mesma coisa - mas de uma forma radicalmente diferente - com Cryptozoology , o estudo dos animais não classificados como: pé-grande, o Monstro do lago Ness, eo Chupacabra. Enquanto a paranóia não parece desempenhar um papel particularmente significativo (se, de fato, houver) na busca de animais desconhecidos, a obsessão com certeza faz. Não vou citar nomes, mas eu vi as esposas de alguns aventureiros, único interesses dos seus maridos - ou seja, entrar no coração da floresta profunda, todo fim de semana em busca dos lendários, gigantes peludos - tornado-se esmagadoramente doentes e cansadas de ter de se sentar ao redor da casa em uma bela tarde de sábado, quente, enquanto suas outras metades descontroladamente correm ao redor das florestas durante à noite com muita confiança e câmera na mão.
O mais importante, mas ainda no mesmo caminho, eu pessoalmente reconheço o significado ea importância esmagadora saudável de equilíbrio, e de assegurar que uma vida social, vida familiar e vida familiar não sofrem em detrimento de atividades paranormais. Eu também reconheço a importância de ter interesses amplos e variados, além Forteana, tais como (para mim, de qualquer maneira!) Futebol britânico. Mas, isso nem sempre é assim com alguns. A triste realidade é que o campo de Forteana parece ter tido muito mais do que seu quinhão de casamentos desfeitos, colapsos nervosos, mentalidades paranóia, e vida que controlam aberrações psicológicas.
É este, simplesmente porque algumas pessoas podem ser mais propensas do que outras para se tornar isolado, desconfiado de todos os toques no telefone, e preocupados que os helicópteros pretos pilotados pelos asseclas emoção da Nova Ordem Mundial estão subindo acima de seus telhados, e radiante microondas pulverização e mensagens subliminares em seus cérebros já fritos? Ou existe algo muito perturbador - ameaçador mesmo - sobre a natureza dos fenômenos Fortianos certos que de alguma forma lhe permite obter suas garras na psique das almas particularmente vulneráveis ​​a um profundo significado - mas altamente negativo - grau?
Eu prefiro pensar que é o primeiro. Mas, em vez friamente, tenho visto vidas transformadas suficientes para pior Forteana por que eu tenho que dizer que eu suspeito fortemente que é o último.
Lembre-se: quando você vai olhar para o paranormal, você pode encontrá-lo decidir recebê-lo no seu seio enigmático. Isso não pode, no entanto, ser uma coisa boa. Em última análise, pode provar ser o seu pior pesadelo se tornar realidade. Quando se trata de suas pesquisas sobrenaturais, andar com muito cuidado, meus amigos. E sempre garantir suas vidas estão livres das misérias da obsessão e paranóia que têm devastado as vidas de tantas pessoas que viajaram a mesma estrada antes de você...
É saber separar o paranormal da sua vida social, certamente ao mexer com tal atividade podemos ser assombrados, os fracos se abatem podendo criar seu próprio mundo de fadas indo além do real paranormal.
A busca de verdades podem levar a escuridão.Via: Mysterious Universe.

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Deixe-me começar dizendo que Peter Terry era viciado em heroína. Nós éramos amigos na faculdade e continuamos sendo após eu ter me formado. Note que eu disse "eu". Ele largou depois de 2 anos mal feitos. Depois que eu me mudei do dormitório para um pequeno apartamento, não via Peter com muita frequência. Nós costumávamos conversar online as vezes (AIM era o rei na época pré-facebook). Houve um tempo que ele não ficou online por cinco semanas seguidas. Eu não estava preocupado. Ele era um notável viciado em cocaína e drogas em geral, então eu assumi que ele apenas parou de se importar. Mas então, uma noite, eu o vi entrando. Antes que eu pudesse começar uma conversa, ele me mandou uma mensagem.



"David, cara, nós precisamos conversar."


Foi quando ele me disse sobre a Casa sem Fim. Ela tinha esse nome pois ninguém nunca alcançou a saída final. As regras eram bem simples e clichês: chegue na saída final e você ganha 500 dólares, nove cômodos no total. A casa estava localizada fora da cidade, aproximadamente 7km da minha casa. Aparentemente ele tentou e falhou. Ele era viciado em heroína e sabe lá em mais o que, então eu imaginei que as drogas tinham feito ele se cagar todo por causa de um fantasma de papel ou algo assim. Ele me disse que seria demais pra qualquer um. Que não era normal. Eu não acreditei nele. Por que eu deveria? Eu disse a ele que iria checar isso na outra noite, e não importava o quanto ele tentasse me fazer não ir, 500 dólares soava bom demais pra ser verdade, eu precisava tentar. Fui na noite seguinte. Isso foi o que aconteceu.


Quando eu cheguei, imediatamente notei algo estranho sobre a casa. Você já viu ou leu algo que não deveria te assustar, mas por alguma razão te gelava a espinha? Eu andei através da construção e o o sentimento de mal estar apenas aumentou quando eu abri a porta da frente.


Meu coração desacelerou e soltei um suspiro aliviado assim que entrei. O cômodo parecia como uma entrada de um hotel normal decorada para o Halloween. Um sinal foi colocado no lugar onde deveria ter um funcionário. Se lia "Quarto 1 por aqui. Mais oito a seguir. Alcance o final e você vence!" Eu ri e fui para a primeira porta.


A primeira área era quase cômica. A decoração lembrava o corredor de Halloween de um K-Mart, cheia de fantasmas de lençol e zumbis robóticos que soltavam um grunhido estático quando você passava. No outro lado tinha uma saída, a única porta além da qual eu entrei. Passei através das falsas teias de aranha e fui para o segundo quarto.


Fui recebido por uma névoa assim que abri a porta do segundo quarto. O quarto definitivamente apostou alto nos termos de tecnologia. Não havia apenas uma máquina de fumaça, mas morcegos pendurados pelo teto e girando em círculos. Assustador. Eles pareciam ter em algum lugar da sala, uma trilha sonora em loop de Halloween que qualquer um encontra em uma loja de R$1,99. Eu não vi um rádio, mas imaginei que eles tenham usado um sistema de PA. Eu pisei em cima de alguns ratos de brinquedo com rodinhas e andei com o peito inchado para a próxima área. Eu alcancei a maçaneta e meu coração parou. Eu não queria abrir essa porta. O sentimento de medo bateu tão forte que eu mal conseguia pensar. A lógica voltou depois de alguns momentos aterrorizantes, e eu abri a porta e entrei no próximo cômodo.
No quarto 3 foi quando as coisas começaram a mudar.


A primeira vista, parecia como um quarto normal. Havia uma cadeira no meio do quarto com piso de madeira. Uma lâmpada no canto fazia o péssimo trabalho de iluminar a área, e lançava algumas sombras sobre o chão e as paredes. Esse era o problema. Sombras. Plural. Com a exceção da cadeira, havia outras. Eu mal tinha entrado e já estava apavorado. Foi naquele momento que eu soube que algo não estava certo. Eu nem sequer pensava quando automaticamente tentei abrir a porta de qual eu vim. Estava trancada pelo outro lado.


Isso me deixou atormentado. Alguém estava trancando as portas conforme eu progredia? Não havia como. Eu teria ouvido. Seria uma trava mecânica que fechava automaticamente? Talvez. Mas eu estava muito assustado pra pensar. Eu me voltei para o quarto e as sombras tinham sumido. A sombra da cadeira permaneceu, mas as outras se foram. Comecei a andar lentamente. Eu costumava alucinar quando era criança, então eu conclui que as sombras eram um produto da minha imaginação. Comecei a me sentir melhor assim que fui para o meio da sala. Olhei para baixo enquanto andava, e foi aí que eu vi. A minha sombra não estava lá. Eu não tive tempo para gritar. Corri o mais rápido que pude para a outra porta e me atirei sem pensar no próximo quarto.


O quarto cômodo foi possivelmente o mais perturbador. Assim que eu fechei a porta, toda a luz pareceu ser sugada para fora e colocada no quarto anterior. Eu fiquei ali, rodeado pela escuridão, e não conseguia me mexer. Não tenho medo do escuro, e nunca tive, mas eu estava absolutamente aterrorizado. Toda a minha visão tinha me deixado. Eu ergui minha mão na frente do meu rosto e se eu não soubesse que tinha feito isso, nunca seria capaz de contar. Não conseguia ouvir nada. Estava um silêncio mortal. Quando você está em uma sala à prova de som, ainda é capaz de se ouvir respirar. Você consegue ouvir a si mesmo estar vivo. Eu não podia. Comecei a tropeçar depois de alguns momentos, a única coisa que eu podia sentir era meu coração batendo rapidamente. Não havia nenhuma porta à vista. Eu não tinha nem sequer certeza se havia uma porta mesmo. O silêncio foi quebrado por um zumbido baixo.


Senti algo atrás de mim. Vire-me bruscamente mas mal conseguia ver meu nariz. Mas eu sabia que era lá. Independentemente do quão escuro estava, eu sabia que tinha algo lá. O zumbido ficou mais alto, mais perto. Parecia me cercar, mas eu sabia que o que quer que estivesse causando o barulho, estava na minha frente, se aproximando. Dei um passo para trás, eu nunca tinha sentido esse tipo de medo. Eu realmente não consigo descrever o verdadeiro medo. Não estava nem com medo de morrer, mas sim do modo que isso ia acontecer. Tinha medo do que a coisa reservara para mim. Então as luzes piscaram por menos de um segundo e eu vi. Nada. Eu não vi nada e eu sei que eu não vi nada lá. O quarto estava novamente mergulhado na escuridão, e o zumbido era agora um guincho selvagem. Eu gritei em protesto, não conseguiria ouvir o barulho por mais um maldito minuto. Eu corri para trás, longe do barulho, e comecei a procurar pela maçaneta. Me virei e cai dentro do quarto 5.


Antes que eu descreva o quarto 5, você deve entender algo. Eu não sou um viciado. Nunca tive história de abuso de drogas ou qualquer tipo de psicoses além das alucinações na minha infância que eu já mencionei, e elas eram apenas quando eu estava realmente cansado ou tinha acabado de acordar. Eu entrei na Casa sem Fim limpo.


Depois de cair do quarto anterior, minha visão do quinto quarto foi de costas, olhando pro teto. O que eu vi não me assustou, apenas me surpreendeu. Árvores tinha crescido no quarto e se erguiam acima da minha cabeça. O teto desse quarto era mais alto que os outros, o que me fez pensar que eu estava no centro da casa. Me levantei do chão, me limpei e olhei ao redor. Era definitivamente o maior quarto de todos. Eu sequer conseguia ver a porta de onde eu estava, os vários arbustos e árvores devem ter bloqueado a minha linha de visão da saída. Nesse momento eu notei que os quartos estavam ficando mais assustadores, mas esse era um paraíso em comparação ao último. Também assumi que o que estava no quarto quatro ficou lá. Eu estava incrivelmente errado.


Conforme eu andava, comecei a ouvir o que se poderia ouvir em uma floresta, o barulho dos insetos se movendo e dos pássaros voando pareciam ser as minhas únicas companhias nesse quarto. Isso foi o que mais me incomodou. Eu podia ouvir os insetos e os outros animais, mas não conseguia vê-los. Comecei a me perguntar quão grande essa casa era. De fora, quando eu caminhei até ela, parecia como uma casa normal. Era definitivamente na maior parte da casa, já que tinha quase uma floresta inteira. A abóbada cobria minha visão do teto, mas eu assumi que ele ainda estava lá, por mais alto que fosse. Eu também não via nenhuma parede. A única maneira que eu sabia que ainda estava dentro da casa era por causa do chão compatível com o dos outros quartos, pisos escuros de madeira. Continuei andando na esperança que a próxima árvore que eu passasse revelaria a porta. Depois de alguns momento de caminhada, senti um mosquito no meu braço. O espantei e continuei. Um segundo depois, senti cerca de dez mais deles em diferentes lugares da minha pele. Senti eles rastejarem para cima e para baixo nos meus braços e pernas, e algum deles foram para o meu rosto. Eu me agitava freneticamente para espantá-los mas eles continuavam rastejando. Eu olhei para baixo e soltei um grito abafado, mais um ganido, para ser honesto. Eu não vi um único inseto. Nenhum inseto estava em mim, mas eu conseguia senti-los. Eu ouvia eles voando pelo meu rosto e picando a minha pele, mas não conseguia ver um único inseto. Me joguei no chão e comecei a rolar descontroladamente. Eu estava desesperado. Eu odiava insetos, especialmente os que eu não conseguia ver ou tocar. Mas eles conseguiam me tocar, e estavam por toda parte.


Eu comecei a rastejar. Não tinha ideia para onde estava indo, a entrada não estava a vista, e eu ainda não tinha visto a saída. Então eu apenas rastejei, minha pele se contorcendo com a presença desses insetos fantasmas. Depois do que pareceu horas, eu achei a porta. Agarrei a árvore mais próxima e me apoiei nela, eu dava tapas nos meus braços e pernas, sem sucesso. Tentei correr mas não conseguia, meu corpo estava exausto de rastejar e lidar com o que quer que estivesse no meu corpo. Eu dei alguns passos vacilantes até a porta, me segurando em cada árvore para me apoiar. Estava a poucos passos da porta quando eu ouvi. O zumbido baixo de antes. Estava vindo do próximo quarto, e era mais profundo. Eu podia quase senti-lo dentro do meu corpo, como quando você está do lado de um amplificador em um show. O sensação dos insetos em mim diminuiu quando o zumbido ficou mais alto. Assim que eu coloquei a mão na maçaneta, os insetos se foram completamente, mas eu não conseguia girar a maçaneta. Eu sabia que se eu soltasse, os insetos voltariam, e eu não voltaria para o cômodo quatro. Eu apenas fiquei ali, minha cabeça pressionada contra a porta marcada 6, minha mão trêmula segurando a maçaneta. O zumbido era tão alto que eu não conseguia nem me ouvir fingir pensar. Eu não podia fazer nada além de prosseguir. O quarto 6 era o próximo, e ele era o inferno.


Fechei a porta atrás de mim, meus olhos fechados e meus ouvidos zunindo. O zumbido me rodeava. Assim que a porta fechou, o zumbido se foi. Abri meus olhos e a porta que eu fechei sumira. Era apenas uma parede agora. Olhei em volta em choque. O quarto era idêntico ao terceiro, a mesma cadeira e lâmpada, mas com a quantidade de sombras corretas dessa vez. A única real diferença é que a porta de saída, e a que eu vim, tinham sumido. Como eu disse antes, eu não tinha problemas anteriores nos termos de instabilidade mental, mas no momento eu sentia como se estivesse louco. Eu não gritei. Não fiz um som. No começo eu arranhei suavemente. A parede era resistente, mas eu sabia que a porta estava lá, em algum lugar. Eu apenas sabia que estava. Arranhei onde a maçaneta estava. Arranhei a parede freneticamente com ambas as mãos, minhas unhas começaram a ser lixadas pela parede. Cai silenciosamente de joelho, o único som no quarto era o incessante arranhar contra a parede. Eu sabia que estava lá. A porta estava lá, eu sabia que estava apenas lá, sabia que se eu pudesse passar pela parede-


"Você está bem?"
Pulei do chão e me virei rapidamente. Me encostei contra a parede atrás de mim e vi o que falou comigo, e até hoje eu me arrependo de ter me virado.


A garotinha usava um vestido branco que descia até seus tornozelos. Ela tinha longos cabelos loiros que desciam até o meio das suas costas, pele branca e olhos azuis. Ela era a coisa mais assustadora que eu já tinha visto, e eu sei que nada na vida será tão angustiante como o que eu vi nela. Enquanto eu a olhava, eu via a jovem menina, mas também via algo mais. Onde ela estava eu vi o que parecia com um corpo de um homem maior do que o normal e coberto de pelos. Ele estava nu da cabeça ao dedão do pé, mas sua cabeça não era humana, e seus pés eram cascos. Não era o diabo, mas naquele momento poderia muito bem ter sido. Sua cabeça era a cabeça de um carneiro e o focinho de um lobo. Era horrível, e era como a menininha a minha frente. Eles tinham a mesma forma. Eu não consigo realmente descrever, mas eu via os dois ao mesmo tempo. Eles compartilhavam o mesmo lugar do quarto, mas era como olhar para duas dimensões separadas. Quando eu olhava a menina, eu via a coisa, e quando eu olhava a coisa, eu via a menina. Eu não conseguia falar. Eu mal conseguia ver. Minha mente estava se revoltando contra o que eu tentava processar. Eu já tive medo antes na minha vida, e eu nunca tinha estado mais assutado do que quando fiquei preso no quarto 4, mas isso foi antes do sexto. Eu apenas fiquei ali, olhando para o que quer que fosse que falou comigo. Não havia saída. Eu estava preso lá com aquilo. E então ela falou de novo.
"David, você deveria ter ouvido"


Quando aquilo falou, eu ouvi palavras da menina, mas a outra coisa falou atrás da minha mente numa voz que eu não tentarei descrever. Não havia nenhum outro som. A voz apenas continuava repetindo a frase de novo e de novo na minha mente, e eu concordei. Eu não sabia o que fazer. Estava ficando louco e ainda assim eu não conseguia tirar os olhos do que estava na minha frente. Cai no chão. Pensei que tinha desmaiado, mas o quarto não deixaria isso acontecer. Eu apenas queria que isso terminasse. Eu estava de lado, meus olhos bem apertos e a coisa olhando pra mim. No chão na minha frente estava correndo um dos ratos de brinquedo do segundo quarto. A casa estava brincando comigo. Mas por alguma razão, ver esse rato fez a minha mente voltar de onde quer que ela estivesse, e olhar ao redor do quarto. Eu sairia de lá. Estava determinado a sair daquela casa e nunca mais pensar sobre ela novamente. Eu sabia que esse quarto era o inferno e não estava pronto para ficar lá. No começo apenas meus olhos se moviam. Eu procurava nas paredes por qualquer tipo de abertura. O quarto não era muito grande, então não demorou muito para que eu checasse tudo. O demônio continuava zombando de mim, a voz cada vez mais alta como a coisa parada lá. Coloquei minha mão no chão e fiquei de quatro, e voltei a explorar a parede atrás de mim. Então eu vi algo que eu não podia acreditar. A coisa estava agora diretamente nas minhas costas, sussurrando como eu não deveria ter vindo. Eu senti sua respiração na minha nuca, mas me recusei a me virar. Um grande retângulo foi riscado na madeira, com um pequeno entalhe no meio dele. E bem em frente aos meus olhos eu vi um 7 que eu tinha inconscientemente feito na parede. Eu sabia o que era. Quarto 7 estava bem onde o quarto 5 estava a momentos atrás.


Eu não sabia como eu tinha feito aquilo, talvez tenha sido apenas o meu estado no momento, mas eu tinha criado a porta. Eu sabia que tinha. Na minha loucura eu tinha riscado na parede o que eu mais precisava, uma saída para o próximo quarto. O quarto 7 estava perto. Eu sabia que o demônio estava bem atrás de mim, mas por alguma razão, ele não conseguia me tocar. Fechei meus olhos e coloquei ambas as mãos no grande 7 na minha frente. E empurrei. Empurrei o mais forte que pude. O demônio agora gritava nos meus ouvidos. Ele e dizia que eu nunca iria embora. Me dizia que esse era o fim, mas que eu não iria morrer, eu iria ficar lá no quarto 6 com ele. Eu não iria. Empurrei e gritei com todo o meu fôlego. Eu sabia que alguma hora eu iria atravessar a parede. Cerrei meus olhos e gritei, e então o demônio se foi. Eu fui deixado no silêncio. Me virei lentamente e fui saudado com o quarto estando como estava quando eu entrei, apenas uma cadeira e uma lâmpada. Eu não podia acreditar nisso, mas não tive tempo de me habituar. Me virei para o 7 e pulei levemente para trás. O que eu vi foi uma porta. Não a que eu tinha riscado lá, mas uma porta normal com um grande 7 nela. Todo o meu corpo tremia. Me levou um tempo para girar a maçaneta. Eu apenas fiquei lá, parado por um tempo, encarando a porta. Eu não podia ficar no quarto 6, não podia. Mas se isso foi apenas o quarto 6, não conseguia imaginar o que me aguardava no 7. Devo ter ficado lá por uma hora, apenas olhando para o 7. Finalmente, respirei fundo e girei a maçaneta, abrindo a porta para o quarto 7.


Cambaleei através da porta mentalmente exausto e fisicamente fraco. A porta atrás de mim se fechou, e eu me toquei de onde estava. Eu estava fora. Não fora como no quarto 5, eu estava realmente lá fora. Meus olhos ardiam. Eu queria chorar. Cai de joelhos e tentei, mas não consegui. Eu estava finalmente fora daquele inferno. Nem sequer me importava com o prêmio que foi prometido. Me virei e vi que porta que eu tinha acabado de atravessar era a entrada. Andei até o meu carro e dirigi para casa, pensando em o quão bom seria tomar um banho.


Assim que cheguei em casa, me senti desconfortável. A alegria de deixar a Casa Sem Fim tinha sumido, e um temor crescia lentamente em meu estômago. Parei de pensar nisso e fiz meu caminho para a porta da frente. Entrei e imediatamente subi para o meu quarto. Eu entrei lá e na minha cama estava meu gato Baskerville. Ele foi a primeira coisa viva que eu vi aquela noite, e fui fazer carinho nele. Ele sibilou e bateu na minha mão. Recuei em choque, ele nunca tinha agido assim. Eu pensei "tanto faz, ele é um gato velho". Fui para o banho e me aprontei para o que eu esperava ser uma noite de insônia.


Depois do meu banho, fui cozinhar algo. Desci as escadas e me virei para a sala de estar, e vi o que ficaria para sempre gravado em minha mente. Meus pais estavam deitados no chão, nus e cobertos de sangue. Foram mutilado ao ponto de estarem quase identificáveis. Seus membros foram removidos e colocados do lado dos seus corpos, e suas cabeças em seus peitos, olhando para mim. A pior parte eram suas expressões. Eles sorriam, como se estivessem felizes em me ver. Vomitei e comecei a chorar lá mesmo. Eu não sabia o que tinha acontecido, eles nem sequer moravam comigo. Eu estava confuso. E então eu vi. Uma porta que nunca esteve lá antes. Uma porta com um grande 8 riscado com sangue nela.


Eu continuava na casa. Estava na minha sala de estar, mas ainda assim, no quarto 7. O rosto dos meus pais sorriram mais assim que eu percebi isso. Eles não eram meus pais, não podiam ser. Mas pareciam exatamente como eles. A porta marcada com um 8 estava do outro lado, depois dos corpos mutilados na minha frente. Eu sabia que tinha que continuar, mas naquele momento eu desisti. Os rostos sorridentes acabaram comigo, me seguravam lá onde eu estava. Vomitei novamente e quase entrei em colapso. E então, o zumbido voltou. Estava mais alto do que nunca, enchia a casa e tremia as paredes. O zumbido me obrigou a andar. Comecei a andar lentamente, indo em direção a porta e aos corpos. Eu mal conseguia ficar em pé, ainda mais andar, e quanto mais perto eu ia dos meus pais, mais perto do suicídio eu estava. As paredes agora tremiam tanto que parecia que desmoronariam, mas ainda assim os rostos sorriam para mim. Cada vez que eu me movia, os olhos me seguiam. Agora eu estava entre os dois corpos, a alguns metros da porta. As mãos desmembradas rastejaram em minha direção, o tempo todo os rostos continuavam a me olhar fixamente. Um novo terror tomou conta de mim e eu andei mais rápido. Eu não queria ouvir eles falarem. Não queria que as vozes fossem iguais a dos meus pais. Eles começaram a abrir suas bocas, e agora as mãos estavam a centímetros dos meus pés. Em um movimento desesperado, corri até a porta, a abri, e bati com ela atrás de mim. Quarto 8.


Eu estava farto. Depois do que acabara de acontecer, eu sabia que não tinha mais nada que essa porra de casa pudesse ter que eu não pudesse sobreviver. Não havia nada além do fogo do inferno que eu não estava preparado. Infelizmente eu subestimei as capacidades da Casa Sem Fim. Infelizmente, as coisas ficaram mais perturbadoras, mais terríveis e mais indescritíveis no quarto 8.


Eu continuo tendo dificuldade me acreditar no que eu vi na sala 8. De novo, o quarto era uma cópia do quarto 6 e 4, mas sentado na cadeira normalmente vazia, estava um homem. Depois de alguns segundos de descrença, minha mente finalmente aceitou o fato de que o homem sentado lá era eu. Não alguém que parecia comigo, ele era David Williams. Me aproximei. Eu tinha que dar uma olhada melhor, mesmo tendo certeza disso. Ele olhou para mim e notei lágrimas em seus olhos.


"Por favor.... por favor, não faça isso. Por favor, não me machuque."
"O que?" Eu disse. "Quem é você? Eu não vou te machucar."
"Sim, você vai" Ele soluçava agora. "Você vai me machucar e eu não quero que você faça isso." Ele colocou suas pernas para cima na cadeira e começou a se balançar para frente e para trás. Foi realmente bem patético de olhar, principalmente por ele ser eu, idêntico em todos os sentidos.
"Escute, quem é você?" Eu estava agora apenas a alguns metros do meu doppelganger. Foi a mais estranha experiência que eu tive, estar lá falando comigo mesmo. Eu não estava assustado, mas ficaria logo. "Por que você-?"
"Você vai me machucar, você vai me machucar, se você quer sair você vai me machucar"
"Por que você está falando isso? Apenas se acalme, certo? Vamos tentar entender isso e-" E então eu vi. O David sentado lá estava usando as mesmas roupas que eu, exceto por uma pequena mancha vermelha bordada em sua camisa com um número 9"
"Você vai me machucar, você vai me machucar, não, por favor, você vai me machucar..."
Meus olhos não deixaram o pequeno número no seu peito. Eu sabia exatamente o que era. As primeiras portas foram simples, mas depois elas ficaram mais ambíguas. 7 foi arranhada na parede pelas minhas próprias mãos. 8 foi marcada com o sangue dos meus pais. Mas 9 - esse número era uma pessoa, uma pessoa viva. E o pior, era uma pessoa que parecia exatamente comigo.
"David?" Eu tive que perguntar.


"Sim... você vai me machucar, você vai me machucar..." Ele continuo a soluçar e a se balançar. Ele respondeu ao David. Ele era eu, até a voz. Mas aquele 9. Eu andei por alguns minutos enquanto ele chorava em sua cadeira. O quarto não tinha nenhuma porta, e assim como o 6, a porta da qual eu vim tinha sumido. Por alguma razão, eu sabia que arranhar não me levaria a nenhum lugar dessa vez. Estudei as paredes e o chão em volta da cadeira, abaixando a minha cabeça e vendo se tinha algo embaixo dela. Infelizmente, tinha. Embaixo da cadeira tinha uma faca. Junto com ela tinha uma nota onde se lia: Para David - Da Gerência.
A sensação em meu estômago quando eu li a nota foi algo sinistro. Eu queria vomitar, e a última coisa que eu queria fazer era remover a faca debaixo da cadeira. O outro David continuava a soluçar incontrolavelmente. Minha mente girava em volta de questões sem respostas. Quem colocou isso aqui e como sabiam meu nome? Sem mencionar o fato de que eu estava ajoelhado no chão frio e também estava sentado naquela cadeira, soluçando e pedindo para não ser machucado por mim mesmo. Isso tudo era muito para processar. A casa e a gerência estavam brincando comigo esse tempo todo. Meus pensamentos, por alguma razão, foram para Peter, e se ele chegou tão longe ou não. E se ele chegou, se ele conheceu um Peter Terry soluçando nesta cadeira, se balançando para frente e para trás. Eu expulsei esses pensamentos da minha cabeça, eles não importavam. Eu peguei a faca debaixo da cadeira e imediatamente o outro David se calou.
"David," ele disse na minha voz, "o que você pensa que vai fazer?"
Me levantei do chão e apertei a faca na minha mão.


"Eu vou sair daqui."


David continuava sentado na cadeira, mas estava bem calmo agora. Ele olhou pra mim com um sorriso fraco. Eu não sabia se ele iria rir ou me estrangular. Lentamente ele se levantou da cadeira e ficou de frente para mim. Era estranho. Sua altura e até a maneira que ele estava eram iguais a mim. Eu senti o cabo de borracha da faca na minha mão e apertei ela mais forte. Eu não sabia o que planejava fazer com isso, mas sentia que eu ia precisar dela.


"Agora" sua voz era um pouco mais profunda que a minha. "Eu vou te machucar. Eu vou te machucar e eu vou te manter aqui" Eu não respondi. Eu apenas o ataquei e o segurei no chão. Eu tinha montado nele e olhei para baixo, faca apontada e preparada. Ele olhou para mim apavorado. Era como se eu estivesse olhando para um espelho. E então, o zumbido retornou, baixo e distante, mas ainda assim eu o sentia no meu corpo. David olhou mim e eu olhei para mim mesmo. O zumbido foi ficando mais alto, e eu senti algo dentro de mim se romper. Com apenas um movimento, eu enfiei a faca na marca em seu peito e rasguei. A escuridão inundou o quarto, e eu estava caindo.


A escuridão em volta de mim era diferente de tudo que eu já tinha experimentado até aquele ponto. O Quarto 3 era escuro, mas não chegou nem perto dessa que tinha me engolido completamente. Depois de um tempo, eu não tinha nem mais certeza se continuava caindo. Me sentia leve, coberto pela escuridão. E então, uma tristeza profunda veio até mim. Me senti perdido, deprimido, suicida. A visão dos meus pais entrou na minha mente. Eu sabia que não era real, mas eu tinha visto aquilo, e a mente tem dificuldades em diferenciar o que é real e o que não é. A tristeza só aumentava. Eu estava no quarto 9 pelo que parecia dias. O quarto final. E era exatamente o que isso era, o fim. A Casa Sem Fim tinha um final, e eu tinha alcançado isso.


Naquele momento, eu desisti. Eu sabia que eu estaria naquele estado pra sempre, acompanhado por nada além da escuridão. Nem o zumbido estava lá para me manter são. Eu tinha perdido todos os sentidos. Não conseguia sentir eu mesmo. Não conseguia ouvir nada, a visão era inútil aqui, e eu procurei por algum gosto na minha boca e não achei nada. Me senti desencarnado e completamente perdido. Eu sabia onde eu estava. Isso era o inferno. O Quarto 9 era o inferno. E então aconteceu. Uma luz. Uma dessas luzes estereotipadas no fim do túnel. Então eu senti o chão vir até mim, eu estava em pé. Depois de um momento ou dois para reunir meus pensamentos e sentidos, eu andei lentamente em direção a essa luz.


Assim que eu me aproximei da luz, ela tomou forma. Era uma luz saindo da fenda de uma porta, dessa vez sem nenhuma marca. Eu lentamente andei através da porta e me encontrei de volta onde eu comecei, no lobby da Casa Sem Fim. Estava exatamente como eu deixei. Continuava vazia, continuava decorada com enfeites infantis de Halloween. Depois de tudo o que aconteceu aquela noite, eu continuava desconfiado de onde eu estava. Depois de alguns momentos de normalidade, eu olhei em volta tentando achar qualquer coisa diferente. Na mesa estava um envelope branco com o meu nome escrito nele. Muito curioso, mas ainda assim cauteloso, juntei coragem para abrir o envelope. Dentro estava uma carta escrita à mão.


David Williams,
Parabéns! Você chegou ao final da Casa Sem Fim! Por favor, aceite esse prêmio como um símbolo da sua grande conquista.
Da sua eterna,
Gerência


Junto com a carta, tinham cinco notas de 100 dólares.


Eu não conseguia parar de rir. Eu ri pelo que pareceram horas. Eu ri enquanto andava até o carro e ri enquanto dirigia pra casa. Eu ri enquanto estacionava o carro na minha garagem, ri enquanto abria a porta da frente da minha casa e ri quando vi um pequeno 10 gravado na madeira.